Um estádio de futebol queima a cada minuto no pulmão do planeta. As causas e consequências.
A floresta amazônica está queimando a um ritmo recorde. Até agora, neste ano, ocorreram 84% mais incêndios do que no mesmo período do ano anterior, marcando um nível recorde de incêndios segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com
72.843 lâmpadas e contando.
O presidente Jair Bolsonaro saiu para falar como conseqüência, duvidando desses dados de um lado e demitindo o presidente do INPE. Por outro lado, ele acusou as organizações de defesa ambiental como as causas intencionais desses incêndios como vingança pelos cortes orçamentários decretados pelo governo. A verdade é que a extensão dos incêndios fez com que diversos estados, como Amazonas e Acre, declarassem a emergência ambiental, já que a fumaça está afetando suas cidades e o tráfego aéreo, causando acidentes e problemas de saúde.
No mapa abaixo, vemos a emissão de CO2 medida ontem à noite, onde vemos claramente as fontes ativas de fogo na região. A fumaça gerada pelos incêndios se espalha com o vento e atinge grandes distâncias: Sem ir mais longe, na semana passada a fumaça atingiu o centro e norte da Argentina, dias em que tivemos um céu enevoado e um sol mais amarelado do que o normal.
Mapa de emissão de CO2 (Windy).
Por que eles ocorrem?
As causas são várias, mas a principal delas é, sem dúvida, o
desmatamento. A agricultura brasileira tem avançado mais rápido do que nunca na região, eliminando grandes áreas de floresta para se tornarem áreas de pastagem ou plantio. Durante o atual governo, o desmatamento no Brasil aumentou em não menos que 273% e a área alcançou 4.565 quilômetros quadrados.
E o outro fator é o clima: durante o inverno, a precipitação diminui na região e causa um risco maior de incêndio. Historicamente, a Amazônia enfrenta grandes fontes de fogo a cada ano, mas a estação seca deste ano não foi mais intensa que outras e ainda assim os incêndios foram recordes, portanto, embora esse fator influencie, claramente não é o principal.
No gráfico podemos ver a comparação dos incêndios que ocorreram nos últimos anos durante a primeira metade do ano, onde parece que 2019 se destaca acima de todo o período.
Carta de incêndio por ano (BBC).
As consequências
A Amazônia é o pulmão do planeta, gerando cerca de 20% do oxigênio total da Terra. É uma região chave para sustentar nossa sobrevivência no futuro e lidar com as mudanças climáticas.
Embora as consequências exatas em números ainda não sejam conhecidas, "Com um adicional de 5% de destruição adicional da Amazônia, podemos causar mudanças irreversíveis que afetam o regime de chuvas no resto do país. Enchentes, desertificação, riscos para "A agricultura, os ventos extremos, a invasão das áreas costeiras pelo mar e as ondas de calor são um drama inicial", disse o especialista Alfredo Sirkis.
Imagem do ar de incêndios (redes sociais).
"Em primeiro lugar, há uma perda de biodiversidade e a função da floresta, que é fornecer nuvens para a atmosfera para produzir chuva", diz Paulo Moutinho, do IPAM. "Além disso, a fumaça nas cidades amazônicas tem consequências importantes para a saúde, uma vez que causam sérios problemas respiratórios e isso, por sua vez, se traduz em dano econômico."
Finalmente, as conseqüências também são econômicas: os governos da Alemanha e da Noruega decidiram suspender as doações para o Fundo Amazônia, que tem sido instrumental nos esforços internacionais para ajudar a conter o desmatamento, como uma rejeição
à política ambiental de Jair Bolsonaro.